Estamos sempre em busca de coisas.
Queremos coisas para comer, coisas para ter, coisas para acumular e coisas para usar.
Uma incessante busca pelo ter.
Atualmente o ter suplanta o ser, não somos um ser, somos um cabide de
coisas, que sem elas nos tornamos invisíveis. Eu conheço muitas pessoas
invisíveis, os moradores de rua, o pessoal que trabalha na limpeza no
meu local de trabalho, os garis que trabalham nas ruas, os pedintes e
muitas outras, eu mesma, muitas vezes, sou invisível para algumas
pessoas.
Então, nesta sociedade, para nos tornarmos visíveis, é preciso ter.
Não abordaremos aqui o capitalismo, a sociedade de consumo surgida logo
após o fim de Primeira Grande Guerra e outros temas relacionados como
consumo sustentável e blá, blá, blá, falemos de pessoas e de
suas inter-relações.
O que está afetado pelo fenômeno da invisibilidade social é o
relacionamento entre as pessoas, são as relações humanas e seus
valores.
Observa-se uma tendência ao isolamento, pequenos nichos dentro do mundo
de cada um. Mesmo dentro das casas, nas famílias, percebe-se cada um
cuidando de seus próprios interesses, com seus aparelhos conectados à
internet, cada um vive só, no seu mundo.
Há cada vez menos o diálogo da construção dos relacionamentos para
desconstrução das ideias e para o fortalecimento dos laços entre os
membros de um grupo social, seja familiar, de amigos, de colegas de
trabalho ou de outro grupo qualquer, e é justamente nesta desconstrução e
neste diálogo que se estabelecem os valores que nos acompanham por toda
a vida.
Com esses valores e com esses laços enfraquecidos o homem tende a não
valorizar o próprio homem e passa a substituir a estima, o afeto, a
amizade, o apreço, a solidariedade, o respeito, o altruísmo e tantos
outros valores por outros relacionados às coisas, a ponto de que nesse
processo, passa-se a enxergar muito mais as coisas do que as próprias
pessoas, então neste momento, o ter passa a ser mais importante que o
ser. E como para ser precisamos ter, seguimos sempre em busca de coisas e
a sociedade como um todo reflete esta condição e suas
trágicas consequências.
Uma viagem de volta se faz necessária, o homem precisa voltar a enxergar a si próprio e o outro de novo.
-Kátia
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