domingo, 24 de novembro de 2013

Coisas


Estamos sempre em busca de coisas. 
Queremos coisas para comer, coisas para ter, coisas para acumular e coisas para usar. 
Uma incessante busca pelo ter. 
Atualmente o ter suplanta o ser, não somos um ser, somos um cabide de coisas, que sem elas nos tornamos invisíveis. Eu conheço muitas pessoas invisíveis, os moradores de rua, o pessoal que trabalha na limpeza no meu local de trabalho, os garis que trabalham nas ruas, os pedintes e muitas outras, eu mesma, muitas vezes, sou invisível para algumas pessoas.  
Então, nesta sociedade, para nos tornarmos visíveis, é preciso ter. 
Não abordaremos aqui o capitalismo, a sociedade de consumo surgida logo após o fim de Primeira Grande Guerra e outros temas relacionados como consumo sustentável e blá, blá, blá, falemos de pessoas e de suas inter-relações. 
O que está afetado pelo fenômeno da invisibilidade social é o relacionamento entre as pessoas, são as relações humanas e seus valores. 
Observa-se uma tendência ao isolamento, pequenos nichos dentro do mundo de cada um. Mesmo dentro das casas, nas famílias, percebe-se cada um cuidando de seus próprios interesses, com seus aparelhos conectados à internet, cada um vive só, no seu mundo. 
Há cada vez menos o diálogo da construção dos relacionamentos para desconstrução das ideias e para o fortalecimento dos laços entre os membros de um grupo social, seja familiar, de amigos, de colegas de trabalho ou de outro grupo qualquer, e é justamente nesta desconstrução e neste diálogo que se estabelecem os valores que nos acompanham por toda a vida. 
Com esses valores e  com esses laços enfraquecidos o homem tende a não valorizar o próprio homem e passa a substituir a estima, o afeto, a amizade, o apreço, a solidariedade, o respeito, o altruísmo e tantos outros valores por outros relacionados às coisas, a ponto de que nesse processo, passa-se a enxergar muito mais as coisas do que as próprias pessoas, então neste momento, o ter passa a ser mais importante que o ser. E como para ser precisamos ter, seguimos sempre em busca de coisas e a sociedade como um todo reflete esta condição e suas trágicas consequências. 
Uma viagem de volta se faz necessária, o homem precisa voltar a enxergar a si próprio e o outro de novo.

-Kátia

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente!