Jamais só

Não sendo por acaso, estava ali, naquela tarde de um meio de semana qualquer, de um meio de ano intenso, numa pequena loja de chocolates, escolhendo alguns bombons e deparei me com um chocolate em formato de flor, naquele momento a música old r&b que tocava me embalou numa nostalgia de algo que nunca realmente existiu.
Em devaneios nos mares dos possíveis sentimentos imaginei como seria doce (literalmente rs), receber esta lembrança, ou até mesmo presentear alguém.
Quase me bateu um sentimento de solidão. Quase.
Mas por que deveria? Sei que hoje é tão difícil encontrar um belo sorriso amante da vida, fã da idéia que não importa o lugar,mas sim o pôr do sol e o amanhecer, que são os maiores presentes que temos na vida, todos os dias.
Imagino como seria bom ter alguém para chamar de meu bem, esquentar a mão, ser mais que um ombro ou um sermão.
Mas ali estava eu, comprando chocolates para me acabar após aquele pôr do Sol da minha vista favorita da cidade, tentava não estar de costas, tentava não me ofender com o status de sozinha.
Jamais estou só!
Caminhando, observando a vida, criando experiência, criando meu valor, na cidade que dizem não existir amor.
Registro no olhar, e talvez no celular, cada sorriso, cada abraço, cada discussão, cada pôr do sol, sentindo cada brisa, desejando avistar o mar procurando bem estar.
Mais uma noite, mais um drink, sem álcool, depois de três tanto faz. Compro o mais belo vestido, passo meu batom vermelho. Ninguém vem me buscar, eu também volto dirigindo.
Evito olhares, de vez em quando disfarço sorrisos, sempre passo meu melhor perfume.
Me chamaram de fria, alguns caras de difícil, minhas amigas me entendem, as inimigas mentem.
Tudo que sei por enquanto, é que na caminhada estou acompanhada, bem ou mal, de mim mesma até na quebrada. Continuarei me presenteando com chocolates no meio da semana, me levando pra ver o amanhecer, comprarei meu próprio apartamento.
Um dia quem sabe, ser a passageira de um sorriso viajante.